A imprensa, no dia 28/02, informou que o governo federal resolveu ‘reonerar’ os combustíveis leves – gasolina e etanol – a fim de obter melhor arrecadação (ganho financeiro arrancado do bolso do ‘contribuinte’). Em entrevista para a Rádio Difusora de Goiânia na manhã desse 1º de março comentamos sobre o assunto. Alguns pontos abordados:
Em Goiânia, na região do Jardim Europa, Jardim América e Parque Amazônia, a gasolina vendida nos postos saltou de R$ 4,99 no último domingo para R$ 5,19 nessa quarta. Um aumento de 4% que não reflete, ainda, o impacto da cobrança dos impostos. Trata-se do famoso ‘aumento preventivo’, muito comum nesse setor. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, – aquele mesmo que declarou em programa de TV que não gosta de Economia e admitiu ter cursado apenas duas cadeiras da matéria – informou que a majoração na gasolina será de R$ 0,47/litro, ao passo que o etanol receberá incremento de R$ 0,02/litro. Se tomarmos o preço do último final de semana, o impacto na gasolina seria de 9,4%, uma bela pancada no bolso do consumidor. Mas atenção: esse aumento de R$ 0,47 é nas refinarias; com o encadeamento dos custos envolvidos, é certo que a diferença será (bem) maior. Mas esse talvez não seja o maior problema.
Considere que o etanol precisa ter um preço pelo menos 70% menor que o da gasolina para que se torne economicamente atrativo. Se o governo privilegia a tributação em cima da gasolina, essa diferença se altera e, em breve, teremos os consumidores de gasolina migrando para o etanol em função do preço. Isso criaria um desequilíbrio de mercado: como não temos produção suficiente para atender todo essa demanda, e nem estoques reguladores, em breve faltaria etanol nos postos. Então os motoristas teriam que, obrigatoriamente, ter que abastecer com gasolina. Acabaria de vez a opção por um dos dois. E o etanol, nesse caso, teria o preço tremendamente reajustado nos postos que ainda possuírem estoque, conforme a lei da oferta e da procura, um dos princípios basilares da Economia, a matéria que nosso ministro abomina.
Por fim, uma grande asneira que li nos jornais: “é preciso tributar mais a gasolina porque é um combustível da elite, não interfere nos preços”. Ora, mais uma prova de desconhecimento. Aplicativos como Uber, 99, Rappi, além dos taxis, sofreriam um aumento de custos considerável. E isso impactaria nos preços das viagens e das entregas. Há ainda os feirantes e os pequenos empresários, que não possuem condições de adquirir veículos comerciais a diesel. Esse aumento de preços influenciaria nas suas vendas.
Como se vê, a ânsia de arrecadar não tem fim. E olha que nem falamos na recomposição do ICMS, pleiteada pelos governadores e com possibilidade de vitória próxima da certeza. Preparem-se para voltar a pagar R$ 6 pelo litro da gasolina. Se ficar só nisso…